
“Querido pai, Tu me perguntaste recentemente por que afirmo ter medo de ti. Eu não soube, como de costume, o que te responder…” (Franz Kafka).
A criação retrata, através da dança, o embate solitário e tortuoso de Franz Kafka com seu pai Hermann Kafka. A presença tirânica e autoritária da figura paterna contribuiu de maneira decisiva para que ele se tornasse uma pessoa extremamente insegura emocionalmente. Na obra original, Kafka transformou o pai em uma espécie de sombra tirânica que o perseguiu até o último dia de sua vida. Numa tentativa desesperada de expurgar de si todos os sentimentos de frustração e indignação em relação a Hermann, Kafka escreve uma carta extremamente irônica e agressiva, mas sem coragem suficiente de entregá-la ao destinatário, seu pai, entregou-a somente à sua mãe. Muito provavelmente, por ironia do destino, seu pai morreu sem ter conhecimento do conteúdo deste documento, que acabou se tornando mais uma obra de forte apelo emocional e reflexivo do escritor de Praga. A obra coreográfica procurou se apropriar das sensações físicas contidas na angústia, no tormento, no ressentimento e na carência afetiva, tão transbordante nesta obra escrita em 1919.
Um drama contido em uma estrutura de dança.
Estreia em 14 de julho de 2006, na Galeria Olido – São Paulo/SP.
FICHA TÉCNICA
Concepção, direção e coreografia: Sandro Borelli
Elenco: Alexandre Magno, Daniella Rocco, Edson Calheiros, Roberto Alencar, Robson Ferraz, Samanta Barros e Vanessa Macedo
Assistentes de coreografia: Roberto Alencar e Vanessa Macedo
Cenografia: Guilherme Isnard
Luz: André Prado
Figurino: Elenco
Trilha: Gustavo Domingues
Produção: Solange Borelli