
Inspirado na obra poética e política de Carlos Marighella. Ter a oportunidade de poder transformá-lo em dança, tem uma dimensão muito significativa e simbólica para a Cia. Carne Agonizante, pois reafirma mais uma vez o ativismo artístico e político do grupo na dança brasileira.
Seu modo de produzir tem a intenção de apontar e escancarar questões políticas e sociais, que habitam em uma sociedade cada vez mais seduzida pelo capitalismo, pelos encantos do fascismo, pelo consumo banal, entretenimento midiático e instantâneo.
Em prol de uma revolução popular contra as elites e os donos do capital que pudesse libertar e transformar o indivíduo em agente de seu próprio destino, Marighella desafiou o poder doutrinador e opressor do Estado.
Ao propor a quebra de um paradigma ainda escravocrata e perverso mantido pela Casa Grande, construído para preservar as desigualdades sociais em um país dividido em castas, o “mulato baiano” como se autodefinia, tornou-se o inimigo número um da ditadura militar brasileira, sendo caçado e assassinado pelo DOI-CODI, numa emboscada em 4 de novembro de 1969 na capital paulista.
A pesquisa e criação se dedicaram ao espírito indomável, incorruptível, poético e humano de Marighella, também trazendo para a cena a brilhante energia libertária e sensível de Clara Charf, amante e companheira de luta até o final da vida do guerrilheiro.
Um herói precisa sangrar e morrer para que seus ideais permaneçam.
- Sandro Borelli
Estreia em 08/03/2018 no Kasulo - Espaço de Arte.
FICHA TÉCNICA
Intérpretes: Rafael Carrion ou Alex Merino e Renata Aspesi
Concepção, Coreografia, Direção e Luz: Sandro Borelli
Assistência Coreográfica: Rafael Carrion
Trilha Sonora: Gustavo Domingues
Figurino: Grupo
Arte Gráfica: Gustavo Domingues
Fotografia: Lucas Mello
Preparação Corporal: Vanessa Macedo, Sandro Borelli e Mário Nascimento
Direção de Produção: Júnior Cecon
Agradecimentos: A José Wilson de Paiva Macedo e a Clara Macedo Borelli por interpretar A Internacional Comunista no piano.